Com mais de 14 anos de dedicação ininterrupta ao Mais Querido, Tozza transformou sua paixão pelo clube em um trabalho que inspira e informa milhares de torcedores diariamente. Sua jornada começou em uma época em que a internet ainda era um território relativamente inexplorado para conteúdos esportivos, especialmente quando se tratava de lives e vídeos focados em um único clube.
Tozza, sempre à frente de seu tempo, soube como poucos usar as ferramentas disponíveis, seja no Twitter ou no YouTube, para criar um espaço onde flamenguistas de todas as partes do mundo pudessem se reunir, discutir e, claro, comemorar as glórias do clube. Sua capacidade de traduzir a paixão rubro-negra em palavras e vídeos cativou uma legião de seguidores, que encontram em suas análises e opiniões uma voz autêntica.
Tozza é mais do que um criador de conteúdo e, para muitos, atua como uma referência para quem admira o manto do Flamengo. Explore o resumo da entrevista exclusiva realizada pelo Modo Fla em 16/08/24 e saiba mais sobre a história do Tozza.
O seu nome é André Tozzini, como surgiu o apelido Tozza?
Tozza: – Meu nome de guerra no colégio militar era Tozini. Morei em Brasília e um amigo meu, Zé Paulo, começou a me chamar de Tozza. E aí ficou… Assim, pouca gente me chama de André, talvez minha mãe. Acho que meu irmão também, nem isso se bobear. Então virou meio que quase um nome. Por exemplo, ontem (15/08) no Maracanã, começaram a gritar André, André… E eu não respondi… Aí, o cara gritou Tozza! E eu virei e falei: Opa… O fato é que virou quase um nome e hoje, no meu trabalho, o pessoal me conhece como Tozza também, então é muito difícil de dissociar o apelido…
Como você adquiriu o know-how para trabalhar com mídia?
Tozza: – Eu trabalhei em uma Pós-Produtora, que na verdade era um estúdio de gravação de áudio e também pós-produção de vídeo, aqui no Rio, chamada Estúdio Mega. Então, eu sempre estava ligado com vídeo, apesar de ser de TI, eu sempre tive relação com vídeo. Eu sempre fui muito antenado com essas coisas. Eu participava de um podcast chamado Papo de Urubu e era em áudio mesmo. O meu início de produção de conteúdo foi assim, mas era meio solto.
Tozza: – Eu já tinha brincado com a ideia de vídeo e internet, né? Eu criei a primeira mesa redonda e nem existia nada parecido com isso no mercado de internet… Eu fiz uma gambiarra danada e criei a TozzaCAM. Na verdade, a TozzaCAM era uma brincadeira com o nome da Twitcam, que era um programinha que você rodava em uma página para “streamar” sua tela e ficar interagindo com a galera do Twitter. Eu brinquei com o nome e acabou ficando…
Tozza: – Enfim, a gente começou a criar as mesas redondas e no início era TozzaCAM, depois virou Live Cast DNA… Depois quando eu saí do DNA Rubro-Negro e fui ser colunista do FlamengoNET, a minha ideia era fazer as colunas em vídeo, porque eu nunca gostei muito de escrever, pois fui alfabetizado primeiro em inglês e até hoje tenho algumas dificuldades… Apesar de escrever muito no Twitter.
Tozza emocionado, após ser convidado pelo FlamengoNET
Tozza: – No FlamengoNET, entre 2011 e 2012, só tinha fera de colunista, como Muhlenberg e Saavedra… Uma galera das antigas muito boa e que depois foram jornalistas em vários canais e dos grandes, como GE e UOL. E acabei sendo convidado e fiquei super lisonjeado… Eu falei na época com o Alex Souteiro, que era um dos donos, e disse que queria fazer minha coluna em vídeo. Ele aceitou e falou – Por que que você não volta com o TozzaCAM? – Isso em 2012.
Tozza: – E eu respondi que seria uma boa ideia… Aí, voltei com os programas e eu trouxe dois caras que eram integrantes do FlamengoNET, que eram o João Tavares e o Bruno Cazonatti. Essa formação acabou por uma questão de tempo, pois o Tavares entrou na Bradesco Esportes FM e o Cazonatti iniciou uma pós-graduação. Aí, ficou sem ninguém e eu trouxe dois outros caras, que são o Pablo dos Anjos e o Patrick Selener. Eles ficaram comigo por bastante tempo e transformaram o programa super conhecido.
Como foi a recepção do público quando você começou com as lives?
Tozza: – É muito doido, porque não tinha. A gente brinca que é pioneiro, não existia programa para isso… Então, eu fazia uma gambiarra danada, usava o Skype e deixava o microfone aberto. O áudio dos caras entrava no microfone do meu notebook e era apenas eu, com a minha cara lá e os demais falando remotamente. Você ouvindo, era uma mesa redonda, mas só aparecia eu. No início foi assim, uma aceitação muito boa. A gente tinha bastante audiência, principalmente porque era pouca gente que tinha isso (mesa redonda).
Tozza: – Então assim, era uma grande novidade. Bom, o pessoal começou a gostar muito e começaram a aparecer muitas outras pessoas a fazer também. Era um maior barato, porque eu nunca tive melindre nenhum de ter sido talvez um dos pioneiros nessa brincadeira… E eu dizia sempre, que quanto mais gente fizesse melhor… Falasse mais de Flamengo, melhor… Ajudei bastante gente que hoje está fazendo sucesso pra caramba, voando… E eu acho do caramba, quanto mais gente falar de Flamengo melhor.
Como era o público na internet há 14 anos? As pessoas eram mais educadas?
Tozza: – O que dá para dizer com toda certeza e muita tranquilidade é que o Twitter, por exemplo, em 2009 era completamente diferente do Twitter de 2024. Em 2009 a rede social em si era muito mais educada, no Twitter era principalmente debate. As pessoas eram super educadas, tinha respeito de opiniões, era o maior barato, eu adorava porque eu debatia e ficava o maior tempão discutindo. E, obviamente, que as coisas foram piorando, deteriorando… É um mundo complicado pra caramba e eu demorei um pouco para aprender a lidar com isso. Hoje, eu acho que eu sei lidar com o Twitter muito melhor do que eu lidava antes…
Conte para nós, mais sobre a segunda fase do TozzaCAM.
Tozza: – O Patrick Selener era muito amigo do Claudio Pracownik, que foi VP de Finanças do Flamengo… Não tínhamos o viés de querer estar na gestão do clube, mas a gente acabou falando assim – Temos um programa super conhecido e as pessoas gostam, por que que a gente não começa a fazer entrevista? Vai ter a escolha do mandatário do clube no final do ano, vamos entrevistar os postulantes – A gente já tinha marcado com o Ronaldo Gomlevsky, que era da Chapa Branca…
Tozza: – E o Patrick falou que era amigo do Claudio e que tinha a Chapa Azul, com uma rapaziada nova que estava chegando. Um pessoal com viés empresarial, com a ideia de buscar a reconstrução do Flamengo. Aí, eu falei que a gente já tinha marcado com o Gomlevsky, só que a gente não tinha definido o horário… Acabamos fazendo o primeiro programa de entrevista sobre a disputa dos postulantes com o Claudio Pracownik e foi uma entrevista de mais de três horas…
Tozza: – Todo mundo ficou maravilhado com as ideias que aquele grupo tinha.. Depois disso, a gente entrevistou o BAP… Que hoje é candidato a presidente, mas na época era para ser VP de Marketing. A entrevista foi também outro sucesso, foi a nossa maior audiência na época, em 2012, com 17 mil pessoas… Que até hoje essa audiência seria loucura! Então imagina na época, que tinha muito menos pessoas com internet… 17 mil era bastante gente. E depois, perto da disputa, a gente entrevistou o Eduardo Bandeira de Mello, que depois se tornou presidente do clube.
Tozza: – Nesse meio tempo, eu já estava sócio do clube, acabei me envolvendo, entrei no SóFLA, que era o grupo que dava sustentação ao Eduardo. Aí, a gente acabou participando de toda a reconstrução do clube… Eu sei que no final das contas, o TozzaCAM acabou fazendo campanha. E assim, eu brinco sempre que depois daquilo, a gente não fez mais… E se me perguntassem se eu faria diferente, eu acho que eu teria feito, porque eu acho que não é o papel, né?
Tozza: – A gente acabou meio que vestindo uma camisa que eu não me arrependo… Não me arrependo, até porque no final a gente acabou ajudando muito essa galera, inclusive a própria eleição como um todo. Depois a gente troca o nome para Pilastra 41, ficamos algum tempo também, só que aí o trabalho do Pablo começou a ficar difícil e o meu trabalho também… Não conseguíamos fazer os programas, por causa de nossos horários e a gente acabou deixando o Pilastra 41 e o TozzaCAM parados.
Tozza: – Depois disso, eu fiz o Falsa Prosa, com o meu querido amigo Falso Nove, a gente fez uma parceria por algum tempo. A gente tinha uns programas bem legais e volta e meia, eu participava das lives. Fui colunista do Coluna do Fla também, participando do Resenha, toda sexta-feira. Também sou colunista do Jogada 10, que é o Portal da Galera, que era Lance!, antes de acabar e voltar… Hoje é o meu Twitter e o Jogada 10, com minhas colunas em vídeo de pós-jogo.
Gostaríamos de expressar nosso agradecimento ao Tozza pela presteza e disponibilidade em nos conceder esta entrevista ao Modo Fla. Não é todo dia que temos a oportunidade de conversar com alguém tão dedicado e apaixonado pelo Flamengo, que, além de todo o seu conhecimento e trajetória como criador de conteúdo, se destaca pela simplicidade e humildade. Assim como o Zico é um craque dentro de campo, Tozza é um craque como pessoa.
Para conferir a entrevista completa em áudio, basta usar nosso player abaixo: