Os Primeiros Mascotes do Flamengo: Uma Jornada Através do Tempo

Os mascotes têm uma longa história no futebol e eles surgiram como uma maneira de criar uma identidade visual para os clubes e de engajar os torcedores. Com o tempo, eles se tornaram uma parte integral da cultura do futebol, desempenhando um papel importante na representação dos clubes tanto dentro quanto fora do campo. Um mascote pode ser um animal, uma pessoa ou até mesmo um objeto inanimado, mas o que todos eles têm em comum é a capacidade de encapsular a essência de um clube de futebol. Eles são um símbolo visual que representa o espírito, a paixão e a determinação que definem cada time. O Flamengo é um dos clubes de futebol mais populares do Brasil e do mundo, mas além de seus jogadores e títulos, há outros símbolos que representam o clube e são igualmente amados pelos torcedores: os mascotes

Primeira Referência ao Popeye

Em 1942, o Jornal dos Sports, uma publicação tradicional no Rio de Janeiro, decidiu fazer algo especial para o Campeonato Carioca. Eles contrataram o cartunista Lorenzo Molas para desenhar um personagem que representasse cada clube participante. Para o Flamengo, Molas escolheu o marinheiro Popeye, um personagem popular de quadrinhos e desenhos animados. A escolha de Popeye não foi um acaso, já que naquela época, o Flamengo estava em busca de uma figura que pudesse representar a força e a determinação do clube. Os dirigentes queriam alguém que pudesse inspirar os jogadores e os torcedores, alguém que pudesse ser um símbolo de resistência e coragem. Popeye, com seus músculos e sua atitude destemida, parecia ser a escolha perfeita, pois ele era conhecido por sua força sobre-humana, que obtinha ao comer espinafre, e por sua determinação inabalável para proteger aqueles que amava. Essas qualidades ressoaram com os valores do Flamengo, um clube conhecido por sua paixão pelo jogo e por sua lealdade aos seus torcedores.

Foto: Álbum Rubro-Negro/Brasilidade

O personagem apareceu em várias edições do Jornal dos Sports, sempre retratado com as cores do Flamengo e frequentemente em situações que refletiam os altos e baixos do clube no campeonato. A decisão de escolher Popeye como mascote foi tomada durante uma reunião do conselho do clube e após um longo debate, a proposta foi aprovada por unanimidade. A notícia foi recebida com entusiasmo pelos torcedores do Flamengo, que imediatamente abraçaram Popeye como um deles. A escolha de Popeye como mascote do Mais Querido teve um impacto significativo na imagem do clube. Além disso, Popeye também se tornou um ícone popular no Brasil, aumentando a visibilidade do Flamengo no cenário nacional. Desde então, Popeye tem sido um mascote amado do Flamengo, aparecendo em algumas mercadorias do clube e sendo uma presença constante nos jogos. Sua imagem é frequentemente vista em bandeiras, camisetas e outros itens de torcedores, reforçando sua conexão com o clube.

A Reapropriação do Urubu e o Orgulho Negro

Em 1969, o Flamengo decidiu mudar seu mascote e escolheu o Urubu. Nessa época era comum que os torcedores dos times rivais usassem o termo de forma pejorativa para se referir aos flamenguistas, associando-os às áreas periféricas da cidade e às pessoas pretas e pobres que, segundo o preconceito da época, eram comparadas aos urubus. No entanto, em uma reviravolta de orgulho e resistência, a torcida do Flamengo decidiu adotar o urubu como símbolo. Essa reapropriação do termo pejorativo transformou o que era uma tentativa de humilhação em um emblema de identidade e orgulho. Em 31 de maio de 1969, durante um clássico contra o Botafogo, torcedores flamenguistas soltaram um urubu no campo, que voou sobre o gramado com uma bandeira rubro-negra amarrada a uma das patas. A partir desse momento, o urubu passou a ser oficialmente reconhecido como o mascote do Flamengo.

Foto: Reprodução/O Globo

Hoje, o urubu é um símbolo querido e amplamente aceito entre os torcedores do Flamengo. O mascote não é apenas uma figura nos jogos, mas também está presente em diversos aspectos da cultura flamenguista. Essa reapropriação não se limita ao campo esportivo, mas estende-se a uma posição de destaque na luta contra o preconceito racial e a discriminação. O Flamengo tem utilizado sua plataforma e visibilidade para promover campanhas contra o discriminação racial, apoiando causas sociais e celebrando a diversidade de seus torcedores. Ao longo dos anos, o Flamengo teve outros mascotes, mas nenhum deles teve o mesmo impacto ou a mesma longevidade que o Urubu.

A história dos dois primeiros mascotes do Flamengo é uma jornada fascinante através do tempo, uma vez que ela nos mostra como o clube e seus torcedores evoluíram e se adaptaram ao longo dos anos. E, acima de tudo, nos lembra que, não importa o que aconteça, o Flamengo e seus torcedores sempre encontrarão uma maneira de se levantar e continuar lutando. Essa história também ressalta a capacidade do esporte de transcender barreiras e unir pessoas de diferentes origens em torno de um objetivo comum. O Flamengo e seu mascote, o urubu, são um testemunho vivo de como o futebol pode ser um poderoso veículo de mudança social, promovendo igualdade e celebrando a diversidade.

Então, da próxima vez que você ver o urubu voando alto no céu, lembre-se do Mais Querido. Lembre-se da força, da determinação e da resiliência que esse clube e seus torcedores representam. Porque isso é o que significa ser Flamengo!

Mikael Salvador
Mikael Salvador
Rubro-negro, pai de primeira viagem, formado em Gestão de Projetos pela USP, Mestrando em Montagem Industrial pela UFF, apreciador de bons livros e escritor nas horas vagas. Tenho o propósito de conectar os leitores com a essência do Flamengo, compartilhando as alegrias de uma vitória, explorando os bastidores do clube e analisando as nuances do time. Caso tenha gostado do conteúdo, considere seguir-me nas redes sociais abaixo.
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